quarta-feira, 26 de setembro de 2018

O ÍCARO DE TANCOS

O texto de Valentina Marcelino, no DN, explica o caráter meio criptado do nome da operação que parece começar a desenlear a meada de Tancos. Cito:

"Orgulho ou autoconfiança excessiva: arrogância; insolência" é o significado. Para os gregos, húbris era uma conduta desmedida considerada um desafio aos deuses e que acarreta a ruína de quem assim age. O DN questionou a PJ e a Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o porquê da escolha. "Foi o que se passou", é a tese da PJ e do Ministério Público, justificada por fonte diretamente envolvida na investigação. Tudo atribuído à PJ Militar.

É uma explicação envergonhada. Escolhem-se títulos assim porque isto é um raio de um País de Poetas. Nessa tradição (oxalá ainda esteja entre nós o Capitão Quesada) temos operações como "Natal Sobre Rodas" ou "Páscoa Feliz". Hubris é um nome mais sofisticado e remete para uma atitude de desmedida arrogância, antes da queda fatal. Aconteceu a Ícaro e, aparentemente, ao Ícaro de Tancos.


Para estar de acordo com o ambiente poético aqui fica o célebre poema de William Carlos Williams (1883-1963):

Landscape with the Fall of Icarus

According to Brueghel
when Icarus fell
it was spring

a farmer was ploughing
his field
the whole pageantry

of the year was
awake tingling
with itself

sweating in the sun
that melted
the wings' wax

unsignificantly
off the coast
there was

a splash quite unnoticed
this was
Icarus drowning

Sem comentários: