Uma recente e precipitada alteração da data da feira de maio, “decretada” com os votos do PS e do CHEGA, acabou em balbúrdia. A CDU votou contra a alteração, ao contrário do que alguns quiseram depois fazer crer).
Volto ao tema, depois de ter escrito em “A Planície” uma crónica sobre as datas das feiras, em setembro de 2018. Ali se explicava que a data da feira nunca tinha mudado por causa da Festa do “Avante!” ou por qualquer outro motivo. Há coisas que são tão simples, que só a mais completa incompetência leva a que possam correr mal. As datas das feiras de maio e de setembro são definidas num regulamento municipal. Que existe há várias décadas. É possível saber, por exemplo, que a feira de maio de 2026 será nos dias 7 a 10. Desde que se aplique o regulamento, e caso este se mantenha.
Entre 1997 e 2017 não houve um único incumprimento, a este nível. O trabalho era preparado com antecedência e as decisões eram tomadas de forma ponderada. Recomenda o mais elementar bom senso que se consulte o calendário e se verifique que as iniciativas camarárias não se sobrepõem a programas das juntas ou das comissões de festas. Não fazer esse trabalho de preparação dá sempre mau resultado. A recente proposta de alteração de data, subscrita pelo presidente da câmara, fez com que a feira coincidisse com a Festa de Santo António, em Santo Aleixo. Pois é, amam-se as aldeias, mas só teoricamente... E, bem entendido, nas campanhas eleitorais.
Depois de feita a asneira, e ante os protestos, voltou-se atrás. Foi hoje (25 de janeiro) votada na Câmara Municipal nova mudança de data. A feira “passa” para dias 11 a 14. O Congresso do Azeite será na semana anterior. A CDU votou a favor da proposta, em coerência com a posição inicial. Ou seja, é importante que se cumpram os regulamentos, que haja feira e que se respeitem as festas das freguesias. Tudo isso deveria ser fácil. Infelizmente, não é assim.
Já nem falo da decadência das feiras, transformadas em tempos recentes, num desfilar de grupos musicais, num estoirar de dinheiro sem tino nem lógica. Aquilo que, por norma, acompanhava as feiras, ou seja, os encontros, os colóquios, as exposições, a presença de expositores, foi reduzido ao mínimo indispensável. O que é pena.
Causou mal-estar a afirmação que fiz, em tempos, sobre a impreparação do executivo camarário. Com pena a repito, porque gostaria de não ter razão. À impreparação juntou-se a falta de vontade em aprender, associada a uma escassa tendência para o trabalho. A vereação e, mais ainda a presidência, obrigam a longas horas de trabalho. Com frequência, a uma penosa solidão no gabinete, fora de horas. Isso não é compatível com horários das 9 às 5 ou com almoços animadamente prolongados.
Haverá feira de maio, valha-nos isso. Muitos mourenses se/me perguntam, nesta altura, como é possível tanto improviso e tanto amadorismo. Mais que nunca, vale a pena recordar uma afirmação atribuída a Lincoln: “podem enganar-se algumas pessoas o tempo todo; podem enganar-se todas as pessoas durante algum tempo; mas não é possível enganar todas as pessoas durante todo o tempo”. No nosso concelho, a cada dia que passa isso se torna mais evidente.
Crónica em "A Planície"
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