O Carnaval ainda vem longe, mas é a altura para recordar esta obra com quase um século (1925!) de Di Cavalcanti (1897-1976), um dos grandes nomes da pintura brasileira do século XX.
Sem verão à vista, mas com as imagens do Brasil bem presentes. De Carlos Drummond de Andrade, "O homem e seu carnaval":
Deus me abandonou
no meio da orgia
entre uma baiana e uma egípcia.
Estou perdido.
no meio da orgia
entre uma baiana e uma egípcia.
Estou perdido.
Sem olhos, sem boca
sem dimensões.
As fitas, as cores, os barulhos
passam por mim de raspão.
Pobre poesia.
sem dimensões.
As fitas, as cores, os barulhos
passam por mim de raspão.
Pobre poesia.
O pandeiro bate
é dentro do peito
mas ninguém percebe.
Estou lívido, gago.
Eternas namoradas
riem para mim
demonstrando os corpos,
os dentes.
Impossível perdoá-las,
sequer esquecê-las.
Deus me abandonou
no meio do rio.
Estou me afogando
peixes sulfúreos
ondas de éter
curvas curvas curvas
bandeiras de préstitos
pneus silenciosos
grandes abraços largos espaços
eternamente.
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