Munch já por aqui passou. Na altura não reproduzi O grito, mas faço-o agora. Porquê? Porque o quadro - uma das suas versões, melhor dizendo - integra agora a lista dos quadros mais caros do mundo. Ocupa, desde há cerca de um mês, o oitavo lugar do ranking. Foi vendido por um pouco mais de 119 milhões de dólares. Quem comprou? A família real do Qatar.
Este quadro de Edvard Munch tournou-se a sua obra mais conhecida e, sem que ele o pudesse sequer sonhar, haveria de se converter numa referência global da segunda metade do século XX.
Munch não leu Florbela Espanca. Nem é provável que a poetisa tivesse visto algum quadro dele. Às vezes, para se estar próximo basta a sintonia.
Noite Trágica
O pavor e a angústia andam dançando...
Um sino grita endechas de poentes...
Na meia-noite d´hoje, soluçando,
Que presságios sinistros e dolentes!...
Tenho medo da noite!... Padre nosso
Que estais no céu... O que minh´alma teme!
Tenho medo da noite!... Que alvoroço
Anda nesta alma enquanto o sino geme!
Jesus! Jesus, que noite imensa e triste!
A quanta dor a nossa dor resiste
Em noite assim que a própria dor parece...
Ó noite imensa, ó noite do Calvário,
Leva contigo envolto no sudário
Da tua dor a dor que me não ´squece!
Um sino grita endechas de poentes...
Na meia-noite d´hoje, soluçando,
Que presságios sinistros e dolentes!...
Tenho medo da noite!... Padre nosso
Que estais no céu... O que minh´alma teme!
Tenho medo da noite!... Que alvoroço
Anda nesta alma enquanto o sino geme!
Jesus! Jesus, que noite imensa e triste!
A quanta dor a nossa dor resiste
Em noite assim que a própria dor parece...
Ó noite imensa, ó noite do Calvário,
Leva contigo envolto no sudário
Da tua dor a dor que me não ´squece!
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