"O que é que andas a ouvir?", perguntou o Carlos José Almeida. "Dick Farney", respondi, quase a medo e quase escondendo o LP. "O Di-ck Far-ney?", soletrou devagarinho, antes de se desmanchar a rir. Fui alvo da troça dos elementos da direção da associação de estudantes de Letras que por ali andavam. Por sorte, eram só mais dois ou três.
O episódio ficou-me gravado. Na altura (1984 ou 1985) não estava muito na moda ouvir crooners brasileiros (ainda por cima, o Carlos José era um fã convicto de Milton Nascimento). O confesso prazer em ouvir Dick Farney não ajudou nada à minha reputação musical, marcada por heterodoxias "pouco sérias", que incluiam os Heróis do Mar, os Delfins, os Specials, Kid Creole, António Machin, Los Panchos, Pepe Marchena, El Cabrero, Carlos Ramos, Amália, Perez Prado, Xavier Cugat etc. Eu dava o flanco e a malta da UEC caía-me em cima sem dó nem piedade.
Continuei a ouvir Dick Farney pela vida fora. Muitas vezes fiz o percurso entre Mértola e Moura ao som de Sábado em Copacabana, de Nick Bar, de Este seu olhar e do extraodinário dueto com Lúcio Alves, que imortalizou Tereza da praia.
Dick Farney chamava-se, na verdade, Farnésio Dutra e Silva (!). Deixou-nos faz hoje 25 anos.
1 comentário:
Nós,brasileiros dançamos muito ao som de Dick Farney.
Sempre muito juntinhos....
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