É uma notícia inesperada. Mas claramente positiva. O esquema mandongo (passe o alentejanismo) da lista única para a Assembleia Municipal e dos executivos municipais homogéneos ainda não é desta que avança.
A proposta de alguns dos nossos cientistas políticos em quererem imitar, à escala local, o governo do país, é uma intenção funesta. E, ao contrário do que pretendem, não melhoraria a democracia. Pior ainda, já se adivinhavam a criação de comissões de inquérito no âmbito das assembleias (tendo em conta o exemplo da AR é melhor não se ir por aí...) e a possibilidade de moções de censura.
Vinte anos disto dão-me estas convicções:
1. A presença da oposição nos executivos é importante. Pretender substituir este sistema por um suposto reforço de poderes da assembleia municipal revela desconhecimento (quem assim fala terá muita ciência política mas uma mais que óbvia falta de prática)
2. O argumento, que já ouvi, de que os conselhos de administração das empresas não têm lá a concorrência, deixa-me aturdido; é que a "concorrência" resulta, neste caso, da vontade dos eleitores.
3. São raríssimos os casos de bloqueio que se verificaram ao longo de 36 anos de Poder Local Democrático. Agradeço aos cientistas de turno que demonstrem o contrário.
4. Algumas elites sempre olharam com desconfiança para este sistema, que permitiu a subida ao poder, nos Municípios, de gente oriunda do povo. Vai daí, e à boleia da troika, criam-se cortes, diminuições, esquemas quase policiais de vigilância e formas mitigadas de poder. O poder é coisa que elas sabem usar. Nós não.
5. Há, nas franjas do poder e das elites, quem aceite este estado de coisas e se satisfaça com pequenas migalhas. Nós não.
Não haja ilusões, porém... Este recuo é circunstancial.
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