sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O VIRTUOSO MACHADO DE CASTRO


Admiti ao Anísio que "isto deve ser da idade...". Gostei da exposição sobre Machado de Castro - "é o melhor que temos e não é grande coisa", dizia-me, há tempos, um historiador de arte que acha a produção pátria uma coisa da segunda divisão -, alicerçada em textos do próprio e de grande clareza didática. E digo que deve ser da idade porque há uns bons trinta anos abominava tudo o que tivesse a ver com a arte barroca. Efeitos secundários das aulas de arte bizantina, nas quais éramos metodicamente instruídos a detestar tudo o que viesse a seguir ao século XV e até ao advento do Realismo. Ainda hoje me divirto a recordar a teatralização sobre a inutilidade dos jardins renascentistas. Com um especial carinho pelo Jardim da Manga, em Coimbra...

É, sobretudo, uma virtuosa exposição, onde sopra o vento do barroco. O processo de construção da arte, aspeto para mim decisivo nesta mostra, está presente nos textos de Machado de Castro, na extensa lista dos seus colaboradores, nos esquiços e projetos que nos deixou, algumas vezes sem terem sido concretizados. O Anísio gostou que eu tivesse gostado. E prometeu que visitaria Mértola em breve. Coisa que faz há mais de vinte. Refiro-me à promessa, não à ida.

O Virtuoso Criador. Joaquim Machado de Castro (1731-1822)


Comissários científicos: Ana Duarte Rodrigues e Anísio Franco
Até 30 de setembro

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