Em julho de 2007 participei, como arguente, no júri de doutoramento de António Rei. A instituição onde obteve o grau, a Universidade Nova de Lisboa, editou agora, em CD, um trabalho de folêgo, resultado de uma investigação do António. O Gharb al-Andalus al-Aqsa na geografia árabe foi ontem apresentado, na Universidade Nova, por Bernardo Vasconcelos e Sousa, prefaciador da obra. Entre a perseguição a manuscritos sobre Moura, na Academia das Ciências de Lisboa e na Biblioteca Nacional, arranjei forma de passar pela Av. de Berna, ao fim da tarde.
Do outro prefácio, o meu, deixo aqui três parágrafos que deixam claro o que penso do trabalho do António:
O ponto de partida foi, afinal, uma evidência
surpreendente: não há, em Portugal, trabalhos recentes sobre os geógrafos
árabes. Usam-se textos conhecidos desde há muito e continua a ter-se o
imprescindível David Lopes como base geográfica para o conhecimento dos
territórios. São, por isso, ajuda decisiva os inúmeros trabalhos que António
Rei tem vindo a produzir e que começam agora a somar-se, contribuindo para um
mapeamento do Gharb. O seu conhecimento da língua árabe tem-lhe permitido
aprofundar uma pesquisa que tem sido intensa e com resultados de grande interesse,
lançando novas perspetivas sobre a evolução da memória geográfica do sul.
Não se trata, ainda assim, apenas de uma abordagem de
erudição filológica, mas também de uma comparação entre fontes e de propostas
para as dúvidas, nomeadamente de ordem topográfica, que elas mesmas mais vezes
levantam do que resolvem. Bem como de esclarecedoras discussões e clarificações
sobre edições anteriores destas fontes. Particularmente útil se revela o
capítulo referente à escrita geográfica sobre o al-Andalus, ao mergulhar nas
datas e nas origens dos textos e ao apresentar uma divisão em tipologias literárias.
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