Uma vez, mostrei esta fotografia a alguém, algures no Alentejo. Quem está na fotografia é uma jovem guineense, que acedeu a que a retratasse, em janeiro de 2010. Não falava português. Uma senhora que por ali passava fez as traduções. A moça vinha todos os dias de Safim para Bissau, para vender pequenas coisas na Praça do Império. E exclamei "olha só, que mulher tão linda", para esse alguém, algures numa vila alentejana. Arrependi-me de imediato de ter partilhado o que sentia. Respondeu-me o interpelado "isso? bonito?". E deu uma sonora gargalhada. Senti uma inexplicável e imensa tristeza.
O tempo passou. Continuo a achar que é uma mulher linda. O meu conterrâneo não deve ter mudado de opinião.
Um dia, vão ficar para trás as sombras e o frio. Nesse dia quando voltarmos a encontrar o caminho do sul, iremos em direcção a um inverno de sol. Onde haverá acácias e bonitas mulheres, cujas pulseiras rivalizam com a curva do Geba, antes deste se perder no coração das trevas.
O tempo passou. Continuo a achar que é uma mulher linda. O meu conterrâneo não deve ter mudado de opinião.
Um dia, vão ficar para trás as sombras e o frio. Nesse dia quando voltarmos a encontrar o caminho do sul, iremos em direcção a um inverno de sol. Onde haverá acácias e bonitas mulheres, cujas pulseiras rivalizam com a curva do Geba, antes deste se perder no coração das trevas.
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