segunda-feira, 21 de junho de 2010

MEDINAS

Não sei se há amor à primeira vista. Embora acredite que sim. Com este livro, tive um coup de foudre, que mais tarde se transformou, prosaicamente, em aquisição.
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Jean-Marc Tingaud (n. 1947) fotografou as medinas marroquinas durante a noite. A película encheu-se de luzes: amarelas, vermelhas, azuis, verdes. Uma festa de cor que se juntou a palavra de Tahar Ben Jelloun (n. 1944). O calígrafo Lassaâd Métoui fez o resto.
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Admito que os textos de Tahar Ben Jelloun, com a excepção de Jour de silence a Tanger, não me entusiasmam em particular. A simplicidade dos curtos poemas em Medinas ajuda, contudo, a valorizar o despojado barroquismo da fotografia. As ruas e os largos desertos que Jean-Marc viu são os mesmos do Alentejo de há 40 anos. Só que esses ninguém os registou em película e ficaram só na memória de cada um de nós.
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Medinas, publicado em 1998 pelas Éditions Assouline, custou-me, na moeda antiga, 349 francos. Hoje é vendido na Amazon por cerca de 150 euros. Vale bem mais que isso.
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Sur les terrasses des vieilles maisons
les rêves des femmes veillent sur la mémoire des hommes
l'ombre de la vertu caresse les patios de l'attente
un parfum ancien se promène
odeur froissée d'un amour secret.

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