Foi um verdadeiro não-momento naquele programa de Herman José. O entrevistado era Carlos Carvalhas, então secretário-geral do PCP. Quando Herman lhe perguntou por um filme que de que tivesse gostado Carlos Carvalhas respondeu "Pulp Fiction". Fiquei em suspenso, uma vez que a resposta era interessante. Pensei "que lhe irá perguntar de seguida?". Não perguntou nada de especial, muito menos algo que tivesse a ver com o filme de Tarantino.
Achei a revelação de Carvalhas curiosa porque franca. Podia ter dado uma resposta defensiva. Podia ter invocado Vertov ou Pudovkin ou Eisenstein. Ou A balada do soldado. Pior, podia ter falado em Moscovo não acredita em lágrimas... Mas não. O tímido secretário-geral preferiu Pulp Fiction, que é um estendal de tiros, sangue, sexo, droga e mau comportamento. OK, ao pé de Kill Bill parece A branca de neve e os sete anões. Mas ainda assim...
Uma das muitas boas ideias do filme é a do gangster que, antes de "despachar" as suas vítimas, lhes lê um passagem da Bíblia:
"O caminho do homem justo é rodeado por todos os lados pelas injustiças dos egoístas e pela tirania dos homens maus. Abençoado é aquele que, em nome da caridade e da boa-vontade pastoreia os fracos pelo vale da escuridão, pois ele é verdadeiramente o protetor do seu irmão e aquele que encontra as crianças perdidas. E Eu atacarei, com grande vingança e raiva furiosa aqueles que tentam envenenar e destruir meus irmãos. E você saberá: chamo-me o Senhor quando minha vingança cair sobre si" (v. uma dessas cenas, aqui).
Achei a revelação de Carvalhas curiosa porque franca. Podia ter dado uma resposta defensiva. Podia ter invocado Vertov ou Pudovkin ou Eisenstein. Ou A balada do soldado. Pior, podia ter falado em Moscovo não acredita em lágrimas... Mas não. O tímido secretário-geral preferiu Pulp Fiction, que é um estendal de tiros, sangue, sexo, droga e mau comportamento. OK, ao pé de Kill Bill parece A branca de neve e os sete anões. Mas ainda assim...
Uma das muitas boas ideias do filme é a do gangster que, antes de "despachar" as suas vítimas, lhes lê um passagem da Bíblia:
"O caminho do homem justo é rodeado por todos os lados pelas injustiças dos egoístas e pela tirania dos homens maus. Abençoado é aquele que, em nome da caridade e da boa-vontade pastoreia os fracos pelo vale da escuridão, pois ele é verdadeiramente o protetor do seu irmão e aquele que encontra as crianças perdidas. E Eu atacarei, com grande vingança e raiva furiosa aqueles que tentam envenenar e destruir meus irmãos. E você saberá: chamo-me o Senhor quando minha vingança cair sobre si" (v. uma dessas cenas, aqui).
Quentin Tarantino (n. 1963) rodou Pulp Fiction em 1994. Uma obra notável, que lhe valeu a Palma de Ouro, em Cannes. Ponto chave de uma carreira invulgar, marcada pela originalidade e pela cinefilia.
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