Esta metade de São Sebastião
cobre com uma coifa
a cabeça.
A carne de barro pintado
brilha branca rosa
riscos vermelhos
no lugar das setas
Pousamos no muro
o corpo metade
de olhos rasgados
de boca vermelha
e disparamos
tiros de luz e plástico
para o guardar
para sempre
Da terra de xisto
sobe o canto
de mutidões antigas
que afogaram
o som e as lágrimas
nesta metade
de barro pintado
António Borges Coelho (Mértola, 25.4.1978)
Ontem foi dia de rumar a Safara. O dia eleitoral corria calmo e havia a procissão em honra de São Sebastião. Oportunidade para recordar este poema de António Borges Coelho, que já andou pelo blogue há uns seis anos.
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