Há coisas que fazem lembrar a linha do horizonte. Um trabalho em curso faz-me andar, literalmente, às voltas. Desta vez, foi Serpa. À saída de Mértola, o dia estava limpo e o céu de um tom azul cobalto. À chegada a Serpa, nem por isso. Não exatamente brumoso, mas só se podia fotografar em direção nascente. Para poente, nem pensar. O azul passava a cinza. Em todo o caso o “sam francysco” ainda está no mesmo local, o portal gótico também.
Espero que Júpiter seja mais clemente, agora que o projeto se aproxima do fim... E que, como no poema de Pessoa, a nuvem passe alta.
VAI ALTA A NUVEM QUE PASSA.
Vai alta a nuvem que passa,
Branca, desfaz-se a passar,
Até que parece no ar
Sombra branca que esvoaça.
Assim no pensamento
Alta vai a intuição,
Mas desfaz-se em sonho vão
Ou em vago sentimento.
E se quero recordar
O que foi, nuvem ou sentido
Só vejo alma ou céu despido
Do que se desfez no ar.
15/06/1933
Branca, desfaz-se a passar,
Até que parece no ar
Sombra branca que esvoaça.
Assim no pensamento
Alta vai a intuição,
Mas desfaz-se em sonho vão
Ou em vago sentimento.
E se quero recordar
O que foi, nuvem ou sentido
Só vejo alma ou céu despido
Do que se desfez no ar.
15/06/1933
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