segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

XLIII - CRÓNICAS OLISIPONENSES

Do outono para o inverno.

Às 10 horas estava na Faculdade, ainda era outono, às 12 no Palácio da Ajuda e já era inverno. Duas estações do ano no mesmo dia, separadas por minutos e por 5.430 metros.

Lisboa tem uma luz bonita, mas é uma cidade fria. Antes não era. No caminho para sul recordava isso a uma velha amiga, falando do Meireles, funcionário do tribunal, que roubava pastéis de bacalhau na "Tendinha", dos pintas no Largo das Olarias, de uma cena de pancadaria numa cervejaria na Almirante Reis, do barbeiro que assava sardinhas em Alfama, do carteirista no Rossio que se queixava que não o deixavam trabalhar. Tenho essas memórias ainda muito vivas e, sem lamechices bacocas, a Lisboa de então era mais divertida, ainda que menos cosmopolita, que a de hoje. Humanamente? A de antes.





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