terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

O MAR DE SOPHIA

No dia 29 de setembro de 2009 escrevi um texto, aqui no blogue, onde referia uma conhecida - ainda que muito curta - passagem da "Anábase", de Xenofonte. Quase 13 anos se passaram...

Dei comigo, há dias, a preparar um projeto que se chama precisamente THALASSA! THALASSA! e que tem a poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen como ponto fulcral.

De que se trata?

1. De homenagear uma das personalidades presentes no Panteão;

2. De sublinhar a presença e a importância do mar na sua poesia;

3. De construir um percurso à volta das imagens do mar, ou daquilo que ele sugere, na poesia de Sophia, a partir de um conjunto de obras do acervo da CULTURGEST.

4. De preparar um programa paralelo de atividades.

Data prevista? Final do verão, início do outono.

Um dos tópicos será, seguramente, esta tela de Noronha da Costa.














TERÇA-FEIRA, 29 DE SETEMBRO DE 2009

E TODOS OS JARDINS VERDES DO MAR

Thalassa! Thalassa! (O mar! O mar!). Foi assim que os soldados gregos comandados por Xenofonte saudaram a visão do mar no Ponto Euxino.
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Festejemos a visão do mar que nos é oferecida nesta fotografia, talvez um pouco triste, de Jean-Baptiste Gustave Le Gray (1820–1884). Esta grande onda foi fotografada em Sète, em 1857. A ampliação foi vendida em 1999 por 838.000 USD, o que faz dela a oitava fotografia mais cara da História.
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Sète fica no sul de França, entre Narbonne e Montpellier.
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Bebido o luar, ébrios de horizontes,
Julgamos que viver era abraçar
O rumor dos pinhais, o azul dos montes
E todos os jardins verdes do mar.
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Mas solitários somos e passamos,
Não são nossos os frutos nem as flores,
O céu e o mar apagam-se exteriores
E tornam-se os fantasmas que sonhamos.
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Por que jardins que nós não colheremos,
Límpidos nas auroras a nascer,
Por que o céu e o mar se não seremos
Nunca os deuses capazes de os viver.
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O poema é de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), alguém que celebrou intensamente o mar nos seus poemas. Devo-lhe, e nunca a encontrei nem lho pude dizer pessoalmente, a leitura de muitos poemas e de dois livros decisivos:  A menina do mar, escrito em 1958, e O rapaz de bronze, de 1965. Eram livros de leitura obrigatória quando andava no Ciclo Preparatório (1973/75).

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