O REGRESSO
Como quem, vindo de países distantes fora de
si, chega finalmente aonde sempre esteve
e encontra tudo no seu lugar,
o passado no passado, o presente no presente,
assim chega o viajante à tardia idade
em que se confundem ele e o caminho.
Entra então pela primeira vez na sua casa
e deita-se pela primeira vez na sua cama.
Para trás ficaram portos, ilhas, lembranças,
cidades, estações do ano.
E come agora por fim um pão primeiro
sem o sabor de palavras estrangeiras na boca.
Algo evoca uma passagem de Marguerite Yourcenar, nest poema de Manuel António Pina (1943-2012). A assombração do regresso ao ponto de partida nunca nos deixa. Talvez por isso tenha sentido como tão próxima a paisagem de Grizzana, assim vista em 1942 por Giorgio Morandi (1860-1964).
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