O que desde há muito defendo em relação à questão da Sé? Isto:
1. Deverá procurar-se, e tomando como tópico fundamental a preservação das estruturas acima mencionada, compatibilizar o que for possível em termos de percurso de visita, de forma a tirar partido do que se identificou;
2. Caso se revele existir uma incompatibilidade entre o projeto de arquitetura previsto e a preservação das estruturas arqueológicas, tornando inviável a construção de um percurso de visita, deverá considerar-se o abandono desta última componente;
3. Ou seja, deverá, nesta fase de decisões, partir-se da arqueologia para o projeto e não o contrário. Havendo risco de as obras em curso (ou previstas) poderem interferir com as estruturas arqueológicas, danificando-as, deverá optar-se pela cobertura integral do que tem vindo a ser escavado, garantindo a sua completa preservação;
4. Trata-se de uma opção que está longe de ser inédita. Em tempos recentes, foi posta em prática na proteção do Castelo da Lousa, submerso pelas águas da Barragem de Alqueva em 2002, e nas estruturas do mausoléu da Antiguidade Tardia, em Mértola, em 2009. Ambos os monumentos foram totalmente cobertos, estão devidamente salvaguardados e preparados para uma futura valorização.
Acessoriamente, penso que seria importante tomar as seguintes medidas:
5. Estabelecimento de um plano e cronograma tendo em vista a conclusão das escavações arqueológicas, que vão no seu 31º. ano;
6. Estabelecimento de um plano tendo em vista a publicação da memória das escavações;
Em resumo, e depois do que ontem foi falado:
Depois de mais 30 anos de intervenções na Sé, continua a não haver uma ideia clara sobre o remate desde já longo processo.
Pensar que o que foi feito pode ser revertido de forma radical desafia as regras da mais elementar ponderação.
O que se fizer daqui para a frente serão sempre remendos.
Tudo isto, independentemente do final a que se chegue, não vai deixar boa imagem da arqueologia.
Do ponto de vista pessoal já colhi muitos ensinamentos com este processo. Que irei transmitir aos alunos do seminário em "Gestão e Proteção do Património Arqueológico". Há, no projeto da Sé, matéria que dá quase para um semestre.
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